Economia do Mar como um Vetor de Desenvolvimento Regional

- Formação de um Centro de Estudos do Mar para a a Economia do Rio de Janeiro

Alexandre Jeronimo de Freitas

Resumo

O desenvolvimento regional é um dos temas mais importantes para a economia fluminense. O Estado do Rio de Janeiro necessita elaborar uma estratégia econômica que lhe permita superar o cenário de estagnação dos últimos anos. A economia do Mar pode ser um vetor de desenvolvimento econômico regional importante para o estado. Este projeto busca criar um centro de estudos dedicado a esta temática.

Objetivo Geral

Criar um laboratório voltado para estudos sobre a economia do mar.

Objetivos Específicos

  • Realizar estudos sobre a economia do Mar do Rio de Janeiro, através da Construção de uma matriz insumo-produtos

  • Elaborar estudos setoriais que forneçam informações para elaboração da política públicas

  • Realizar parcerias com atores regionais: prefeituras, entidades do setor privado e empresas.

  • Articular os atores locais para estimular o desenvolvimento das comunidades costeiras.

  • Construir uma página na internet que sirva de divulgação dos estudos realizados e da economia do mar como um todo no estado.

  • Centralizar no site informações sobre a Economia do Mar divulgadas pelas agências de regulação, Institutos de Pesquisa, organismos internacionais etc.

  • Construção de uma rede de pesquisa que envolva várias universidades do Estado.

  • Realizar seminários, workshops e eventos em geral para pesquisa e divulgação da economia do mar.

 

Experiência do Coordenador/Proponente e da equipe envolvida

Coordenador: Prof. Dr Alexandre Jeronimo de Freitas

Professor do Departamento de Economia da UFRRJ e do Programa de Pós Graduação em Economia Regional (PPGER-UFRRJ). Desenvolve projeto relacionados com economia do mar.

Lidera o Grupo de Estudos no CNPQ sobre Estrutura Produtiva Fluminense, com uma linha de pesquisa dedicada a economia do mar.

Orienta iniciação cientifica da faperj (2021) sobre a importância da economia do mar na região da Costa Verde/RJ.

Coordena projeto de Extensão na UFRRJ sobre Economia do Mar no Estado do Rio de Janeiro.

Lecionou curso de extensão (60hs) de introdução a economia do Mar (UFRRJ)

Jovem Cientista do Nosso Estado” com projeto sobre a economia do mar.

Pesquisador da linha de pesquisa sobre economia do mar do Programa de Pós-Graduação em Economia Regional da UFRRJ.

Possui publicações relacionadas com economia do mar.

É representante titular da UFRRJ no grupo de estudos sobre economia mar formado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro.

 

Membro 1: Prof. Lamounier Erthal Villela

Professor do Departamento de Economia da UFRRJ

Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas- PPGDT

Professor permanente do Doutorado em Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária – PPGCTIA da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ..

Pesquisador do projeto Pro-integração da CAPES coordenado pelo PEGS/EBAPE/FGV.

Coordenador do projeto CHAMADA CNPq/MDA/SPM-PR Nº 11/2014 – NÚCLEOS DE EXTENSÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL da Baia da Ilha Grande- RJ

Líder de grupo de pesquisa no CNPq- LPDT- Laboratório de Pesquisa em Desenvolvimento territorial e politicas Desenvolve atividades de extensão universitária em projeto de transferência de tecnologias sociais financiado pela FAPERJ.

Membro Associado da Rede Nacional de Pesquisadores em Gestão Social – RGS e da RETE. Coordenador do PEPEDT – Programa de Ensino Pesquisa e Extensão em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas.

 

Membro 2: Prof. Luciana Ferreira da Silva

Professora do Departamento de Economia da UFRRJ.

Participa do Grupo de Estudo sobre Estrutura Produtiva Fluminense na linha de pesquisa sobre economia do mar.

Especializada em mercado de trabalho

Orientou trabalhos de final de curso e de iniciação científica sobre a economia fluminense

Possui publicação sobre o tema.



Membro 3: Marcelo Pereira Fernandes

Professor do Departamento de Economia da UFRRJ.

Participa do Grupo de Estudo sobre Estrutura Produtiva Fluminense na linha de pesquisa sobre economia do mar.

Pesquisador da linha de pesquisa sobre economia do mar do Programa de Pós-Graduação em Economia Regional da UFRRJ.

Orienta dissertação de mestrado sobre economia do Mar no Programa de Pós-Graduação em Economia Regional da UFRRJ.



 

Introdução

A atual crise econômica que o Estado do Rio de Janeiro (ERJ) atravessa é mais um episódio de sua longa crise estrutural. A despeito de ainda ser uma das maiores economias do país, sua estrutura produtiva se tornando pouco diversificada e dependente de poucos setores. O resultado foi um crescimento econômico abaixo da média nacional que, mesmo nos melhores anos, não foi capaz de gerar um nível de emprego e renda que permitisse gerar um novo ciclo sustentável de desenvolvimento.

O ERJ precisa reencontrar uma trajetória econômica que lhe permita superar esta longa crise. Um primeiro passo é analisar o potencial que a economia fluminense possui. Quais áreas se mostram com maior perspectiva de crescer de forma a contribuir para dar maior resiliência econômica regional ao estado. Um dos setores mais proeminentes e promissores está relacionado a chamada Economia do Mar.

Os oceanos são vistos hoje como uma grande fronteira pouco explorada para o desenvolvimento de atividades econômicas. O país possui um litoral de 7.491 km de extensão, o 16º. maior do mundo. Seu território marítimo possui uma área de aproximadamente 3,6 milhões de quilômetros quadrados, podendo chegar a 5,7 milhões de quilômetros quadrados no caso da Comissão de Limites de Plataforma Continental (ONU) aceitar o pedido de extensão feito pelo Brasil.

Nos últimos anos vários países passaram a reconhecer a importância das atividades relacionadas ao mar para seu desenvolvimento econômico. Na Europa a economia do mar responde por 2,2% do total de empregos, algo em torno de 4,26 milhões de empregos e por 1,5 % do total do valor adicionado bruto, montante próximo a 240 milhões de Euros. Países como Portugal, Espanha e França, possuem instituições públicas e privadas de fomento as atividades marítimas, criação de clusters oceânicos e fazem um esforço de pesquisa e desenvolvimento de inovações para fomentar os setores ligados ao mar.

Os países asiáticos, que possuem longa tradição em atividades marítimas, também estão criando projetos de desenvolvimento voltados as atividades econômicas do mar. Na Coréia do Sul, segundo o Korean Ocean Institute (2019), a economia do mar representou 2,5% do total do Valor Adicionado Bruto da economia em 2015. Já na China, o produto oceânico bruto calculado pelo Ministério dos Recursos Naturais representou, em 2019, 9% do PIB, num montante ao aproximado de US$1,26 trilhão.

Por fim, nos Estados Unidos a economia do mar representou em 2018 um montante total de 372 bilhões de dólares e empregou pouco mais de 2,2 milhões de pessoas. É tratado como prioridade no esforço norte-americano de reindustrialização de sua economia.

Apesar de grande parte da economia brasileira se beneficiar do produto e emprego gerados pelo oceano, não existe no país ainda um esforço sistemático para mensurar a participação que as atividades relacionadas ao mar têm na composição do produto.

Devido a sua complexidade e a diversidade de setores que a compõe, ainda não existe um consenso sobre como definir Economia do mar, marítima ou oceânica. Segundo a OCDE, a Economia do Mar pode ser compreendida como a soma das atividades econômicas (industriais, comerciais, de pesquisa científica e tecnológica, governamentais etc) que têm o ambiente aquático como base ou interesse, juntamente com os ativos econômicos, bens e serviços pertencentes aos respectivos ecossistemas.

As atividades relacionadas com o mar são classificáveis de várias formas e variam muito entre os países. Podem ser compreendidas entre atividades realizadas no mar, provenientes do mar e produzidas para o mar.

As atividades realizadas no mar envolvem setores cuja produção ocorre no oceano, como pesca, transporte marítimo, exploração de óleo e gás off-shore etc. As atividades proveniente do mar são aquelas cujo matérias primas são oriundas do oceano: indústria de processamento de pescado, produção de sal, biotecnologia marinha, turismo etc . Por fim as atividades que produzem para o mar são aquelas cujo produto ou serviço esta relacionado ao oceano: construção e reparação de barcos, equipamentos marinhos, pesquisa e desenvolvimento, administração pública etc.

Como forma de classificar os vários setores de forma compatível com Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE, este trabalho dividiu a economia nos seguintes setores: Recursos Vivos, Recursos Não-Vivos, Transporte Marítimo e Portos, Turismo, Manufatura de Equipamentos Marítimos/ Construção e Reparo Naval, Serviços de Negócio Marítimos e Administração Pública do Mar.

A economia fluminense já possui vários de seus principais setores ligados ao mar. Trata-se de uma vocação natural para as atividades costeiras. Grande parte do PIB do estado está localizado no litoral. Assim como grande parte de sua população vive na costa. Mas apenas isso não é suficiente. É preciso identificar as atividades mais produtivas e que gerem mais emprego e renda. A partir daí é possível construir uma política de desenvolvimento da economia do mar no estado. Neste sentido este projeto tem como objetivo principal a criação de um Laboratório de Estudos sobre a economia do mar para o Estado do Rio de Janeiro.

Local de execução do projeto

O Centro de Estudos Sobre Economia do Mar será localizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). O prédio do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA).

A UFRRJ sediará o Polo do Mar da Baia de Sepetida, uma instituição em parceria com o setor privado para realização de pesquisas interdisciplinares sobre o mar. Em local próprio adaptado para abrigar as atividades do Polo. Será outro local onde o centro realizará suas atividades.

Infraestrutura disponível:

O prédio do ICSA possui salas de estudos com computadores, impressora e internet banda larga via cabo ou wifi. Os professores possuem espaços apropriados para pesquisa, com computadores pessoais e espaço de trabalho compartilhado.

A sede do ICSA possui um auditório para 150 pessoas. Está equipado para realização e palestras e seminários de forma apropriada. Também possuímos outro auditório no Prédio do Pavilhão de Aulas Teóricas (PAT), com espaço de 100 pessoas, que também dispõe de equipamentos de áudio e som.

O projeto de criação do Centro de Estudos do Mar procurará modernizar e ampliar a infraestrutura de pesquisa do Instituto.

Jornais Acadêmicos

The Journal of Ocean & Coastal Economics

Marine Policy

Ocean & Coastal Management

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